Fé e Politica

O homem de fé é chamado a ser político
Caros irmãos em Cristo se alguém lhe fizer essa pergunta:
O que é fé e política?
Pois bem, todos nós temos essa resposta, embora muitas das vezes adormecida ou até esquecida em nosso razão de ser.
Fé é uma virtude teologal, Dom de Deus, que ilumina o centro existencial do homem, o coração. Pela fé o homem se torna capaz de acreditar naquilo que não se vê (o mistério divino), a fé, alimentada através de um conhecimento específico, acompanhado da opção e decisão pessoal, leva este precário (homem) a uma busca transcendental de seu ser e de seu Senhor.
Já a política, podemos dizer que é um meio de transformação do que vemos e temos, ao nosso dispor, dentro da limitação terrena e material. culturalmente o homem é político “zoom-politicom” – termo grego para denominar a natureza sociável do homem – ou seja, o animal da “polis” (da cidade ou sociedade) e é daí que nos vem o termo política e esse animal da política, racionalmente se organiza para viver em sociabilidade, marcando assim, em toda sua existência, a busca racional de se organizar e se associar ao outro, para garantir a estabilidade na continuidade de sua espécie.
Portanto é indispensável para o homem essa união de fé e política. Pois a fé leva este a navegar além de suas limitações racionais e materiais, para uma dimensão caridosa e de pura entrega ao outro, formando assim a sociedade dos “zoon-logicom”, organizada e administrada pela razão. Ambas unidas trazem como conseqüência a paz – definida por São Thomas de Aquino, como ordem e tranqüilidade de espírito – e é isso que a Igreja Católica e a Palavra de Deus nos propõem, que a política seja um meio essencial de vivencia da prática da virtude teologal, a fé e, que nem um homem está fora dessa realidade, mesmo que este tente de todos os modos se esquivar. O homem que não tem fé acaba por acreditar num monte de bobagem, fazendo deuses para si. E se não participa da política de forma critica, destrói sua própria liberdade e racionalidade que lhe própria, (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 1740, pg. 412 ).
Na atual sociedade o homem individual vive num conflito, de um lado o “otimismo e positivismo” exterior, por outro, o negativismo interior, um volumoso e complexo conflito da existêncialidade humana.
No lado exterior o positivismo, impele a maioria dos homens com seduções extraordinárias, a uma busca desenfreada do ter, do prazer e do poder, filosofia essa, assassina do ser de fé, mas que infelizmente é autenticada pelo próprio “zoom-logicom” (o animal racional - homem), que por ignorância, anula e mato o Deus vivo e verdadeiro de sua vida, para se tornar deus de si e de coisas que não passam pela mortalidade frágil e precária do mundo sensível.
Nessa visão, a Igreja católica propõe a seus membros fiéis, uma melhor e autêntica análise pessoal de sua existência, mas principalmente da realidade política de nosso tempo, pelo fato dessa mesma realidade necessária a nós, estar manchada e corrompida com politiqueiros, que escravos do poder, do ter e do prazer, deturpam e mudam a vivencia da política; em vez de uma entrega e doação de si (do político) ao (outro) seu povo, o servir, para o ser servido; ou seja, os nossos políticos em vez de fazer política, fazem politicagem (é o tal do troca, troca de favores, o omitismo, o chantagismos e até mesmo o pior, o robalherismo).
E assim a Igreja Católica propõem a nós fiéis eleitores hoje, a idéia de que tenhamos um senso critico apurado na hora de escolher nossos representantes governamentais, não devemos nos deixar seduzir por falsas promessas; subornos – favores – compra de votos; chantagens e seduções pessoais, social e cultural etc.:
Falsas promessas são aqueles atos comuns na hora da campanha, exemplo: candidato a vereador, que promete se eleito for, construir isso e mais aquilo... sendo que ele vai ser um legislador, etc.
Suborno ou favores, são aqueles casos da “política da boa vizinhança”, exemplo: promete teu voto a mim, que eu se eleito for, faço-te o açude para criar peixes, mando cascalhar sua estrada, mando um ônibus (que é meu, mas que está no nome do meu visinho...) para levar seu(a) filho até a sala de aulas, etc.
Compra de votos, são aqueles casos que de forma descarada alguns candidatos se dirigem até você caro eleitor e literalmente pagam por seu voto, ou melhor, compram você (igualzinho no tempo da escravidão), você meu caro eleitor da polis zoom-politicom e zoon-logicom, passa a ser o escravo do seu representante governamental, pois ele pagou para reter a sua liberdade para si, tirando assim o seu direito de expressão na polis e de homem livre.
Chantagens e seduções pessoais, social e cultural; é aquela forma de política feita através dos meios de comunicações, seja ela, a nível de massa, particular e própria ou direta, exemplos: mando recados, abraços e beijos num programa de radio ou televisão (tão falso quanto o inimigo de Deus), mas que infelizmente é uma forma de seduzir o eleitor, que pensa ter um amigo político que vai representá-lo seriamente, ou até mesmo fazer favores no governo. Exemplo de chantagem pessoal: se você não me apoiar nessa ou naquela decisão eu “monto um esquema” para te incriminar..., no caso de chantagem social: se eu não alcançar essa quantia x de votos nessa comunidade e eleito for, não terão estradas boas, posto médico e ônibus escolar, etc. é uma forma de intimidação... Quanto chantagem cultural: se não votarem em mim, essa comunidade vai perecer no conhecimento, pois “travarei” até a merenda escolar que deve vir para cá; não permitirei as procissões e manifestações religiosas; jamais permitirei um carro para transportar o grupo folclórico e esportivo, etc. etc.etc.
Estes são alguns exemplos e formas de fazer politicagem, mas vamos deixar bem claro para todos, que nem todos os políticos trabalhão assim, graças a nosso Bom Deus. Existem muitos políticos realmente preocupados com o bem comum e é para estes que nós devemos olhar, eles não se elegem a custas da fragilidade social e cultural, mas pelo contrário, pelo bom senso de trabalho sério e honesto, através do testemunho de vida social, familiar e pessoal.
Pois bem, já nos dizia Thomas Hobbes, um inglês do século VII e filosofo da política: que “o homem é essencialmente egoísta”, ou seja, na sua natureza é mau, ele quer dominar o outro, porém, para que ele também não o seja dominado, obriga-se a unir-se a outro, formando assim os grupos, com mais força e poder, para uma autêntica vivencia da paz e continuidade de sua espécie. E de maneira toda especial a Igreja Católica é campeã e sai na frente em organização de paz, de caridade e serviço, para a vida feliz do homem, seguindo sempre o exemplo de seus Santos e principalmente de seu fundador e Senhor Jesus Cristo, que deu a sua vida pelos seus irmãos.
Portanto podemos entender a nossa missão de batizados, mesmo numa natureza humana tendenciosa ao mal, somos chamados e fortalecidos por Deus na ação continua do Espírito Santo, à dar um testemunho de vida com equilíbrio e sensatez humana, sem pertencer ao grupo do mal, que só pensa em si e aos seus interesses.
Não nos desanimemos ao olhar a nossa situação política de hoje, pois o Bom Deus reservou para Si, como nos tempos do profeta Elias, que havia desanimado em relação a fidelidade dos justos, “sete mil homens” que não beijaram e nem dobraram os joelhos a Baal; “o Senhor lhe disse: vai retoma o teu caminho na direção do deserto de Damasco. Iras ungir Hazael como rei de Aram. Ungirás Jeú, filho de Namsi, como rei de Israel e ungirá Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meúla, como profeta em teu lugar. Quem escapar de Hazael, Jeú o matará e o que escapar da espada de Jeú, Eliseu o matará. Mas pouparei em Israle SETE MIL HOMENS, TODOS OS JOELHOS QUE NÃO SE DOBRARAM DIANTE DE BAAL E TODAS AS BOCAS QUE NÃO O BEIJARAM”. (Bíblia de Jerusalém, 1º Rs. 19, 15-18, pg. 449).
E a você meu caro Irmão em Cristo, o que você escolhe: dobrar e beijar os Baals de hoje, e “morrer” para a justiça e misericórdia do Deus vivo e verdadeiro ou se manter invicto na justiça pela fé que recebeu do nosso, único e verdadeiro Deus, ganhando assim a coroa da vitória final, a salvação eterna?
Peçamos ao nosso Bom Deus que nos ajude a viver na verdade, sem nos corromper pelas seduções e comodidades, do poder, do ter e do prazer e que a política abençoada por Deus, possa ser o meio de transformação de nosso ser e da nossa sociedade, do egoísmo para caridade, do individualismo para o bem comum, da morte para a Vida.
Deus os abençoe.
Isaias Boruch.

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